A Receita Federal divulgou nesta quarta-feira (29) que o número de encomendas internacionais feitas por brasileiros despencou 11% em 2024 em comparação com 2023. Essa queda expressiva reflete o impacto direto das novas tributações e da alta do dólar, tornando as compras internacionais cada vez mais caras e menos acessíveis para os consumidores.
Foram registrados apenas 187,12 milhões de pedidos do exterior em 2024, contra 209,58 milhões no ano anterior, evidenciando o desaquecimento do setor. Mesmo assim, a arrecadação de impostos sobre importação explodiu em 40,7%, alcançando um recorde histórico de R$ 2,98 bilhões, em comparação aos R$ 1,98 bilhão de 2023.
Aumento de impostos e dificuldades para consumidores
Desde agosto de 2024, o governo impôs uma taxa de 20% sobre compras internacionais até US$ 50, além do ICMS estadual de 17%, posteriormente elevado para 20% a partir de abril de 2025. A medida, vendida como uma forma de “isonomia tributária”, tem sido fortemente criticada pelos consumidores e empresas internacionais, que alertam para um impacto brutal sobre as camadas mais vulneráveis da população.
Com o dólar em disparada de 27% no ano passado, o custo final das compras internacionais subiu vertiginosamente, chegando a R$ 16,6 bilhões. A Shein, uma das maiores plataformas de compras online, alertou que a carga tributária sobre pedidos de até US$ 50 já é de 44,5% e subirá para 50% com a nova regra do ICMS. Com isso, um vestido que hoje custa R$ 100 pode passar a custar R$ 150, tornando inviáveis as compras por parte de consumidores de baixa renda.
Empresas internacionais reagem
Gigantes do e-commerce, como Shein e AliExpress, demonstraram preocupação com a nova carga tributária, ressaltando que os brasileiros já enfrentam uma das maiores tarifas de importação do mundo. A AliExpress alertou que a tributação efetiva pode dobrar em alguns casos, chegando a 100% para produtos acima de US$ 50, penalizando principalmente as classes C, D e E.
O lado dos varejistas nacionais
Em contrapartida, representantes do varejo nacional defendem as novas medidas, alegando que os impostos sobre produtos nacionais chegam a 90%, criando uma competição injusta. Para o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), a majoração do ICMS é “mais um passo rumo à isonomia tributária”.
Contudo, para os consumidores, a realidade é outra: menos opções, preços mais altos e um orçamento cada vez mais apertado. O aumento dos impostos sobre importação tem sido um verdadeiro golpe para quem busca produtos acessíveis no mercado internacional, consolidando um cenário de dificuldades econômicas e restrição de consumo.