A China deu um passo decisivo na disputa comercial com os Estados Unidos. Após semanas de respostas pontuais e apelos ao diálogo, o governo de Xi Jinping optou por um contra-ataque mais amplo às tarifas impostas por Donald Trump.
Na última sexta-feira (4), Pequim anunciou novas tarifas e controles de exportação, sinalizando ao mundo que está pronta para uma guerra comercial de longo prazo.
Mercados em alerta com escalada de tensões
A resposta chinesa mexeu com os mercados globais. Investidores passaram a considerar mais seriamente a possibilidade de um conflito comercial prolongado e instável.
Trump, por sua vez, não recuou: afirmou que pode ampliar as tarifas em até 50% caso Pequim não ceda. Isso elevou ainda mais a tensão entre as duas maiores economias do planeta.
Xi aposta no consumo interno para resistir
Sem dar sinais de enfraquecimento, Xi Jinping convocou autoridades chinesas para discutir estímulos à economia doméstica. A nova prioridade é liberar o potencial do consumo interno e reduzir a dependência dos EUA.
“Acreditamos que precisamos lutar antes de negociar, porque o outro lado quer lutar primeiro”, explicou Wu Xinbo, especialista da Universidade Fudan, resumindo o pensamento atual em Pequim.
Pressão interna e externa desafiam Pequim
Xi caminha numa linha tênue: precisa projetar força para o público interno enquanto enfrenta uma economia pressionada pela deflação e pelo colapso no setor imobiliário.
Analistas alertam que novas tarifas americanas — as mais pesadas em um século — podem pressionar ainda mais as previsões de crescimento da China, já ajustadas para cerca de 4% em 2025.
Arsenal chinês: o que Pequim pode fazer?
Se as tensões continuarem subindo, a China pode usar diversas estratégias:
- Desvalorizar o yuan para manter a competitividade;
- Aumentar barreiras para empresas americanas no país;
- Fortalecer parcerias globais, reduzindo o peso dos EUA.
O governo já vem diversificando mercados, e países como o Brasil ganham espaço — principalmente no fornecimento de soja e outros produtos agrícolas.
Diplomacia ativa e olho no Sudeste Asiático
A diplomacia também entrou em ação. Xi Jinping deve visitar países do Sudeste Asiático em breve, observando quais deles podem se alinhar aos EUA em busca de benefícios tarifários.
Paralelamente, a China reforça laços com Europa, Canadá e vizinhos asiáticos, apostando no multilateralismo para isolar os EUA.
Pressão sim, rompimento não
Apesar da retórica combativa, especialistas dizem que a China não quer um rompimento total com os Estados Unidos. O objetivo é claro: mostrar força, resistir à pressão e, futuramente, negociar em condições mais vantajosas.
“A China está mais preparada agora do que em 2018”, disse Henry Gao, especialista em comércio internacional. “Pequim aprendeu com a primeira guerra comercial e diversificou seus parceiros.”