O mais recente levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/UFMG) revelou que Curitiba encerrou março de 2025 com 4.209 pessoas vivendo nas ruas, segundo dados do Cadastro Único (CadÚnico). O número representa uma leve redução em relação a dezembro de 2024, quando o total era de 4.244. Apesar da pequena melhora, o cenário ainda é alarmante: o número atual é mais de cinco vezes superior ao registrado em 2013, quando 792 pessoas viviam em situação de rua na capital paranaense.
No Paraná, a tendência foi oposta. O número subiu de 15.604 para 15.842 entre dezembro de 2024 e março de 2025 — um crescimento que reforça o aumento da vulnerabilidade social no estado. Em comparação com 2013, o aumento é ainda mais expressivo: dez vezes maior.
Realidade nacional é ainda mais crítica
No Brasil, 335.151 pessoas em situação de rua foram registradas no CadÚnico até março. O número é 14,6 vezes maior do que o de dezembro de 2013. Só no primeiro trimestre de 2025, houve um crescimento de 0,37% em relação a dezembro de 2024.
O perfil predominante dessas pessoas aponta que 88% têm entre 18 e 59 anos, 84% são homens, 81% vivem com até R$ 109 por mês e mais da metade não concluiu o ensino fundamental. A baixa escolaridade contribui diretamente para a exclusão do mercado de trabalho.
Distribuição geográfica e violência
A maior parte dessa população está concentrada no Sudeste (63%), seguido pelo Nordeste (14%) e Sul (13%). Capitais como São Paulo (96 mil pessoas), Rio de Janeiro e Belo Horizonte estão entre as que apresentam os maiores números absolutos.
Entre 2020 e 2024, foram registradas quase 47 mil denúncias de violência contra pessoas em situação de rua em todo o país. Somente em Curitiba, foram 407 casos nesse período. A maioria dos registros aconteceu em vias públicas, mas também houve denúncias em locais que deveriam oferecer acolhimento, como abrigos e hospitais.
Políticas públicas ainda são frágeis
Segundo a UFMG, o cenário reflete a ausência de políticas públicas estruturantes, como moradia, trabalho e educação, voltadas para essa população. Já o governo federal afirma estar investindo na ampliação de centros de atendimento, como o Centro POP e o Creas, que oferecem acolhimento, alimentação, higiene e apoio social.