Em meio à crise dos descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS, Carlos Lupi pediu demissão do cargo de ministro da Previdência Social nesta sexta-feira (2). O escândalo, que envolve fraudes bilionárias iniciadas ainda no governo Bolsonaro, pressionou o Palácio do Planalto a agir rapidamente.
Em declaração nas redes sociais, Lupi garantiu não ter sido citado nas investigações e destacou seu apoio às apurações desde o início. “Entrego meu cargo com a consciência tranquila. Apoiei todas as investigações e sigo colaborando para que os culpados sejam punidos com rigor”, afirmou.
Apesar de não haver provas de seu envolvimento direto, a avaliação interna no governo é de que o ex-ministro falhou ao não adotar medidas preventivas nem reagir com a devida agilidade após a revelação das fraudes. A saída de Lupi foi precedida por reuniões com Lula e pela escolha de um novo nome para comandar o INSS.
Novo comando e mudança de rumos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o procurador Gilberto Waller Júnior como novo presidente do INSS. Ele assume o posto de Alessandro Stefanutto, exonerado após operação da Polícia Federal em parceria com a CGU (Controladoria-Geral da União). O novo ministro da Previdência será Wolney Queiroz (PDT-PE), atual secretário-executivo da pasta.
Waller, conhecido por seu perfil técnico e firmeza, recebeu carta branca para implementar reformas estruturais e restaurar a credibilidade do instituto.
Investigação revela falhas graves
A CGU aponta que o INSS ignorou seis ofícios enviados entre maio e julho de 2024, solicitando ações diante das irregularidades. A gestão anterior, segundo o órgão, não respondeu adequadamente às recomendações.
As fraudes em descontos não autorizados vêm crescendo desde 2019 e alcançaram bilhões de reais em perdas a partir de 2023. A demora do governo federal em reagir só acentuou a crise.
Lupi critica, mas se defende
Mesmo com a pressão crescente, Lupi defendeu publicamente Stefanutto, a quem indicou. “É um servidor exemplar”, declarou dias antes da exoneração. Também afirmou que não houve omissão de sua parte e que a complexidade dos processos da Previdência dificulta o combate imediato a irregularidades.
Agora fora do cargo, Lupi promete seguir colaborando com o governo na busca pela devolução dos recursos desviados.