O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito novo líder da Igreja Católica nesta quinta-feira (8), tornando-se o primeiro pontífice dos Estados Unidos. A escolha foi oficializada após a tradicional fumaça branca surgir da Capela Sistina, encerrando o conclave que reuniu 133 cardeais.
Nascido em Chicago e com sólida trajetória missionária no Peru, Prevost assume o papado em um momento de transição importante, sucedendo o papa Francisco, falecido há 17 dias, após um AVC e insuficiência cardíaca.
Perfil progressista com traços conservadores
Descrito como discreto, conciliador e de perfil pragmático, Prevost é visto como um nome de continuidade, especialmente pela sua proximidade com Francisco, que o promoveu a cardeal em 2023. No entanto, sua trajetória também mostra nuances conservadoras, principalmente em relação a temas como identidade de gênero e questões LGBTQIA+.
Durante um discurso em 2012, Prevost criticou o que chamou de “práticas em desacordo com o evangelho”, citando o “estilo de vida homossexual” e “famílias alternativas”. Em sua atuação no Peru, foi contra a inclusão de conteúdo sobre gênero nas escolas.
Uma liderança com visão global
Apesar da nacionalidade americana, Prevost é um líder com forte atuação internacional. Viveu mais de 20 anos no Peru, onde foi missionário, bispo e cidadão naturalizado. Também liderou a ordem dos agostinianos em nível global, e ocupava, até sua eleição, um dos cargos mais influentes do Vaticano — responsável pela nomeação de bispos no mundo todo.
Ele fala espanhol, italiano e inglês, e utilizou todos esses idiomas em seu primeiro discurso como papa. Ao se apresentar na sacada da Basílica de São Pedro, saudou a multidão com as palavras:
“A paz esteja com todos vocês. Esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado.”
Continuidade ou mudança no Vaticano?
A escolha de Prevost sinaliza uma possível continuidade da linha reformista de Francisco, especialmente no que diz respeito à “Igreja sinodal” — uma instituição mais participativa e próxima das bases. Ainda assim, seu estilo é mais reservado que o do antecessor, o que pode significar uma nova abordagem na comunicação e condução dos assuntos eclesiais.
Prevost já expressou apoio à maior inclusão de leigos nos debates da Igreja, mas deve manter uma postura mais contida em temas polêmicos.
Expectativas e desafios do novo papado
A eleição de Prevost ocorre em meio à perda gradual de fiéis e ao desafio de manter a relevância da Igreja Católica no século XXI. Com mais de 1,3 bilhão de católicos no mundo, o novo papa precisará equilibrar as diferentes correntes ideológicas dentro da instituição e responder às demandas de uma sociedade cada vez mais plural.
Além disso, pesam sobre sua trajetória algumas críticas relacionadas à condução de casos de abuso sexual quando liderava a diocese de Chiclayo, no Peru, e a ordem agostiniana nos EUA. Em ambos os casos, seus apoiadores defendem que ele foi alvo de campanhas difamatórias.
Multidão e emoção na Praça São Pedro
A Praça São Pedro, no Vaticano, voltou a ser palco de um dos eventos mais simbólicos da Igreja. Cerca de 45 mil pessoas acompanharam a eleição do novo papa, em clima de expectativa e reverência. O silêncio dos presentes foi quebrado por aplausos e celulares erguidos no momento da fumaça branca, símbolo da escolha do novo pontífice.
O anúncio “Habemus Papam” foi feito pouco depois, marcando oficialmente o fim da Sé Vacante e o início de um novo capítulo na história da Igreja Católica.