A morte do policial civil José Antônio Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), durante uma operação na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, levou a Polícia Civil a manter forças de segurança mobilizadas na região até localizar os responsáveis. O agente participava de uma ação que investigava a fabricação e distribuição de gelo contaminado com coliformes fecais, que era vendido em quiosques e bares da orla da Barra e do Recreio.
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, classificou o assassinato como “um atentado terrorista contra o Estado” e garantiu que a corporação não deixará a comunidade até prender os autores. “A polícia dará uma resposta à altura”, afirmou.
“Não tem vingança, tem técnica. Estamos recebendo informações de inteligência e temos várias investigações em andamento. Nesse momento, é importante checar essas informações. A gente não vai sossegar enquanto não prendermos ou tirarmos de circulação esses criminosos, se eles decidirem reagir contra nossas equipes”, disse Curi.
“A reação da polícia depende da ação do criminoso”, concluiu.
Ainda segundo o secretário, a operação ocorre dias após um baile funk realizado na comunidade, onde criminosos ostentavam fuzis no meio do evento. “Foram exibidos vários fuzis no meio do baile”, denunciou.
Operação começou após descoberta de gelo contaminado
A ação policial foi desencadeada após uma fiscalização, em fevereiro, identificar a presença de coliformes fecais em amostras de gelo coletadas em quiosques da Zona Oeste. Os laudos da Cedae comprovaram a contaminação, levando a Polícia Civil, o Inea e as delegacias do Consumidor e do Meio Ambiente a cumprirem 10 mandados de busca e apreensão.
José Antônio Lourenço, que também foi subsecretário de Ordem Pública do município e diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis, integrava a equipe que atuava na linha de frente da operação. Durante o confronto com traficantes, ele foi atingido e levado ao Hospital Lourenço Jorge, mas não resistiu.
Trânsito, escolas e ônibus foram afetados pelo tiroteio
O tiroteio resultou em pânico na região. Por volta do meio-dia, a Linha Amarela foi interditada no sentido Fundão e liberada cerca de 30 minutos depois. A alça de acesso à via também foi bloqueada após criminosos incendiarem barricadas. Nas ruas da Cidade de Deus, o clima foi de medo e tensão.
As aulas no turno da tarde foram suspensas pela Secretaria Municipal de Educação. Pela manhã, estudantes de uma escola da comunidade precisaram se proteger deitados nos corredores da unidade. Além disso, 19 linhas de ônibus tiveram seus itinerários alterados, de acordo com a Rio Ônibus — o quinto caso de impacto no transporte provocado por episódios violentos somente em maio.
Comoção e homenagens a Lourenço
A morte do agente provocou forte comoção entre autoridades e colegas. O prefeito Eduardo Paes lamentou a perda de um “servidor público dedicado e um policial especial”. Já o atual secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, homenageou Lourenço nas redes sociais, destacando sua integridade e amizade. O governador Cláudio Castro também se manifestou: “Hoje perdemos mais um policial em combate ao crime. Minha solidariedade à família e aos amigos”.