Na noite de terça-feira (6), Turnowski foi preso após a 2ª Turma do STF restabelecer sua prisão preventiva. Réu por organização criminosa, ele é acusado de envolvimento com o esquema do jogo do bicho e de receber propina para beneficiar contraventores. A decisão reverteu liminar anterior do ministro Kassio Nunes Marques.
Para evitar um cerco policial e preservar familiares, o delegado se entregou espontaneamente à Corregedoria da Polícia Civil, no Centro do Rio. Ele passou a noite detido no mesmo prédio que comandou e foi transferido na manhã seguinte para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica.
Histórico de Envolvimento com Esquema Criminoso
Turnowski já havia sido preso anteriormente, em setembro de 2022, como parte das investigações sobre o delegado Maurício Demétrio. Este último está preso desde 2021 e é acusado de corrupção, perseguição a adversários e envolvimento em homicídios ligados ao submundo dos jogos ilegais.
Segundo o Ministério Público, Turnowski teria atuado como agente duplo, beneficiando figuras centrais do jogo do bicho, como Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio. Escutas telefônicas revelaram uma relação próxima com Demétrio, incluindo diálogos que demonstram a tentativa de proteção mútua.
Julgamento no STF e Argumentos da Defesa
O julgamento da 2ª Turma do STF foi dividido: os ministros Edson Fachin, Gilmar Mendes e André Mendonça votaram a favor da prisão, enquanto Dias Toffoli e Kassio Nunes foram contrários. Fachin destacou “indícios sólidos” da atuação do delegado em uma organização criminosa com potencial de violência e domínio territorial.
A defesa de Turnowski, liderada pelo advogado Daniel Bialski, afirma que vai recorrer com embargos de declaração e novos pedidos de habeas corpus. Entre os argumentos está a paralisação do processo há quase um ano e o cumprimento de todas as medidas cautelares anteriores.
Governador Reage e Defende Punições Mais Severas
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, comentou o caso durante a entrega de viaturas à polícia. Ele defendeu penas mais duras para policiais corruptos, sugerindo que esses agentes deveriam receber punições até 10 vezes mais severas.
“Se comprovado que o policial é criminoso, ele deve ser punido exemplarmente. É ainda mais grave do que o criminoso comum, pois trai o juramento de defender a sociedade”, declarou Castro.
Quem é Allan Turnowski?
Turnowski esteve à frente da Polícia Civil entre 2010 e 2011, durante o governo Sérgio Cabral, e retornou ao cargo em 2020, já como secretário estadual. Durante sua gestão, promoveu ações contra milícias, reestruturou delegacias e criou um núcleo de inteligência policial.
Por outro lado, também enfrentou duras críticas após a operação no Jacarezinho, em 2021, que resultou em 28 mortes — a mais letal da história do Rio. O episódio ocorreu mesmo após o STF restringir ações policiais durante a pandemia.
Impacto e Repercussão
A prisão de um ex-chefe da Polícia Civil aprofunda a crise institucional e expõe uma rede de corrupção enraizada nas estruturas de segurança pública do estado. O caso é acompanhado de perto por autoridades e pela sociedade, diante da gravidade das acusações e das implicações políticas.